Contaminação química, alerta sobre um inimigo invisível: 8 em cada 10 produtos contêm O relatório concentra-se em indicadores preocupantes para crianças pequenas, cujo organismo é vulnerável e cuja alimentação é específica. Embora a contaminação química não seja visível, ela afeta 8 em cada 10 produtos alimentícios. De acordo com um novo estudo, mais de 85% dos produtos analisados contêm pelo menos um plastificante. Trata-se de substâncias químicas que penetram nas embalagens plásticas e contaminam os alimentos de forma quase imperceptível.
O relatório destaca que a proporção de crianças pequenas é motivo de especial preocupação devido à sua vulnerabilidade e dieta específica. A análise examinou 109 tipos de alimentos normalmente consumidos no Brasil (laticínios, grãos, carne, vegetais, doces e alimentos infantis) e identificou 20 plastificantes diferentes. A exposição média diária para adultos é de 288 ng/kg de peso corporal, o que não excede os limites estabelecidos pela EFSA.
Em contrapartida, em crianças de 1 a 3 anos foram registados valores de 1155 ng/kg, e em recém-nascidos — 2262 ng/kg, o que está relacionado com o seu baixo peso corporal e hábitos alimentares específicos, como o consumo de snacks infantis.
Quais são os produtos mais contaminados?
A carne ocupa o primeiro lugar em termos de teor de plástico, seguida dos cereais, vegetais e doces. Mesmo os produtos embalados em vidro estavam contaminados, provavelmente devido ao revestimento das tampas metálicas. De acordo com o principal autor do estudo, em condições reais, “as crianças pequenas estão expostas a quantidades superiores às recomendadas”, o que é um sinal alarmante do efeito cumulativo sobre o seu desenvolvimento. Nesse sentido, recomenda-se evitar aquecer alimentos em recipientes de plástico ou vidro (no forno/micro-ondas), pois o calor pode aumentar a transferência de toxinas em 50 vezes. Por outro lado, para aquecer ou armazenar alimentos, deve-se escolher recipientes de cerâmica ou vidro sem revestimento e dar preferência a produtos frescos ou a granel, a fim de reduzir o contato com embalagens que contenham plastificantes. O estudo também alerta que as normas europeias em vigor regulam apenas a migração de substâncias da embalagem, mas não limitam o teor de plastificantes nos alimentos.