A filantropa Wendy Schmidt estudou sociologia e jornalismo e, junto com seu marido, decidiu apoiar iniciativas de proteção dos oceanos e promoção da ciência aberta para a sociedade. Últimos dados da missão do Instituto Oceânico Schmidt em conjunto com pesquisadores do CONICET
Falkor (too), um dos navios oceanográficos mais modernos, está navegando este ano pelo sudoeste do Oceano Atlântico e, por meio de transmissão ao vivo no YouTube, conecta a ciência com o público de uma maneira totalmente nova.
Este navio permite que cientistas do Conicet e de universidades públicas da Argentina, desde 23 de julho deste ano, pesquisem o canyon Mar del Plata, observem animais marinhos desconhecidos e estudem o DNA do meio ambiente.
Por trás dessa iniciativa está a milionária e filantropa Wendy Schmidt. Sua fundação, o prestigioso Ocean Schmidt Insititute, selecionou a proposta dos cientistas para pesquisar a região e realizar a expedição “Talud Continental IV” no canyon submarino Mar del Plata. A campanha científica no Falkor (too) vai até 10 de agosto e vai continuar com novas missões no Uruguai e na Patagônia (Ocean Schmidt Institute).
Em 2011-2012, foram realizadas três expedições no navio Puerto Deseado, que pertence ao Conicet.
Mas em 2025, pela primeira vez, o público pôde acompanhar a viagem e as descobertas em tempo real. Schmidt tem uma visão que estimula projetos como este: ele acredita que a ciência é um patrimônio da sociedade.
“Trabalhamos muito para que a ciência mantenha seu lugar em nossa sociedade. Foi assim que chegamos até aqui. É por isso que temos as tecnologias que usamos hoje”, explicou ele em entrevista à agência AP.
Falkor (too) funciona graças aos investimentos de Wendy Schmidt e da Fundação Schmidt.
O canal de transmissão compartilha imagens de quase 4.000 metros de profundidade e aproxima as conquistas dos especialistas de escolas, famílias e jovens curiosos.
Schmidt promove um modelo em que a pesquisa sai do círculo fechado e se torna parte dos interesses da sociedade. Assim, a expedição atrai tanto cientistas quanto milhares de espectadores.
A vida e a influência de Wendy Schmidt
Wendy Schmidt nasceu nos Estados Unidos e construiu uma carreira dedicada à caridade e à proteção do meio ambiente.
Junto com seu marido, Eric Schmidt, ex-diretor executivo do Google, ela fundou em 2006 uma fundação que promove energia limpa, alimentação saudável, direitos humanos e proteção dos oceanos.
Lá, ela lidera projetos como o “The 11th Hour Project”, que visa garantir uma vida digna para todas as pessoas, e o Schmidt Marine Technology Partners, dedicado a tecnologias para restaurar a saúde e a diversidade dos mares.
Em 2009, Wendy e Eric criaram uma iniciativa para pesquisar os oceanos com um navio próprio, que serve à ciência internacional.
O Schmidt Ocean Institute já recebeu mais de 1.000 cientistas e mapeou 1,3 milhão de quilômetros quadrados do fundo do mar.
Assim surgiu o Schmidt Ocean Institute, que em dez anos de trabalho já recebeu mais de 1.000 cientistas e ajudou a identificar novas espécies marinhas e formações submarinas.
Eles também mapearam mais de 1.300.000 quilômetros quadrados do fundo do mar, o que é uma conquista sem precedentes em tal escala.
Quando o Falkor original atingiu o limite de sua capacidade, Wendy e seu marido iniciaram a construção de um navio ainda maior e mais moderno: o Falkor (too), que começou a operar em março de 2023.
A contribuição de Wendy Schmidt vai além da otimização de ferramentas tecnológicas. Ela ajudou a criar sensores para monitorar mudanças químicas no mar e apoiou projetos de limpeza de derramamentos de óleo em colaboração com grandes prêmios internacionais de prestígio.
Sua paixão pela navegação a levou a criar a “11th Hour Racing”, uma organização que une esporte e respeito ao meio ambiente e promove soluções sustentáveis para o setor marítimo.O robô submarino SuBastian realiza sua primeira missão no sudoeste do Oceano Atlântico, coletando amostras a quase 4.000 metros de profundidade (Ocean Schmidt Institute).
A mulher estudou sociologia e antropologia no Smith College, onde se formou com as mais altas honras. Em seguida, obteve o mestrado em jornalismo pela Universidade da Califórnia, em Berkeley.
Sua carreira profissional se desenvolveu em jornalismo, comunicação em empresas de tecnologia e gestão de design, até que, em 2006, ela direcionou todos os seus esforços para a caridade e atividades sociais.
Ela defende a importância de uma exposição clara e acessível do conhecimento científico. “Quando você vê algo de forma diferente, sua visão de mundo muda. Encontramos no oceano coisas que não sabíamos que existiam há cinco anos. E isso deve mudar nossa relação com o planeta.”
Ela financia meios de comunicação, bolsas de estudo e documentários para divulgar histórias importantes e formar novas gerações de jornalistas dedicados à ciência.
No ano passado, o casal Schmidt fundou uma organização que busca soluções para os problemas globais por meio da ciência e da tecnologia.
Recentemente, Wendy, juntamente com especialistas em comunicação e tecnologia, criou a iniciativa Agog. Este projeto promove a realidade virtual para conectar as pessoas com histórias sociais e ambientais.
“Continuamos fazendo o que sempre fizemos, ou seja, tentando estar na vanguarda das pesquisas e dos esforços para compreender nosso planeta, compartilhando abertamente essa compreensão com o maior número de pessoas possível. Porque quando você vê algo de forma diferente, todo o seu mundo muda”, comentou ela.
Seu trabalho e seu capital, que ultrapassa US$ 25 bilhões, garantem que a ciência e a tecnologia abram oportunidades e despertem a consciência no mundo.
Até quando será transmitido o programa científico de Mar del Plata?
Em seguida, o Falkor (too) partirá para o Uruguai, onde realizará uma missão científica com transmissão pelo YouTube. Nesse país, a expedição será liderada por pesquisadores da Universidade da República e contará com a participação de funcionários de outras instituições.
Em seguida, no final de setembro, o navio retornará às águas da Patagônia argentina e continuará a coletar novas imagens e dados em tempo real.
As expedições a bordo do Falkor (too) são realizadas pela primeira vez com o robô submarino SuBastian na parte sudoeste do Oceano Atlântico.
Este instrumento grava e coleta amostras em grandes profundidades, sem destruir o habitat.